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/////////// pazes

De tudo ficaram apenas as incertezas. Os dois sentados em um banco de praça qualquer. Cenário verde forte exalando cheiro de mata. Domingo gasto, não era descanso. Havia chovido dias antes, notava-se pelo verde exorbitante. Calados, fitaram-se durante tempos. Tempos fortes, um longo tempo. O silêncio os entreteve. Incapazes de trocar caricias — orgulhosos que são —, retrucavam olhares. Despercebidos, claro. Valiam-se da insensatez do outro, enquanto fingiam não se contrapor ao ocorrido: estavam presos em si mesmos, mas não entre.

 

Então, depois de um longo tempo à dois, eis que surge o primeiro toque: um abrupto movimento leve — lê-se contato — seguindo pelo braço solto escorrendo membro à cima, a passo, chegando até o pescoço — calafrios. Passado o frio na barriga, um gesto atroz marca o tão relutante desejo interno de manter ávido o carinho recebido versus o direito de se estar certo ­— intocável — marcado pela argumentação gestual à ação (per)ocorrida: veio então mais um outro silêncio. Esse durou pouco, gritou menos. Fora logo calado por uma relutante certeza de defesa: coreografadas palavras dançavam uma fisiológica canção. Olhares foram trocados mais uma vez. Sentimento de culpa fora gerado. 

Martírio interior.

 

pausa para uma relutante e indescritível sensação de estupidez

 

Fora perdido muito tempo... Muito tempo foi perdido para que se pudesse perceber que toda a discussão tivera sido em vão. Ambos tinham seus medos e suas razões convertidos em desejos, desejo de se estar..., mas o que é que não sabiam? Por que não ficaram antes calados aproveitando o curto tempo juntos? Tolos [...] Abraço em despedida seguido por um adeus à seco, contido.

Com a chegada aos seus distintos destinos, trocaram mensagens de amor não antes ditas cara a cara — oportunidade gasta. Eram amantes à moda antiga. E o amor é mais forte quando se está longe, mas mais forte ainda quando se está distraído.

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